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Tempos Diferentes: com a palavra, a Economista e Professora Patrícia Palermo

As mudanças em curso na sociedade contemporânea vêm sendo discutida por autores de diversas áreas de conhecimento e, mesmo que eles falem a partir de diferentes paradigmas, indiscutivelmente, apontam de forma cabal para importantes transformações, naquilo que conhecíamos como a sociedade da tradição.

Agamben (2008), notório filósofo italiano, autor de obras que percorrem temas que vão da estética à política, refere que a contemporaneidade, além de inserir no seu presente uma certa descontinuidade temporal entre um não mais (passado) e um ainda não (futuro), também conserva uma relação particular com esses outros tempos, especialmente com o passado. O contemporâneo se inscreve no presente através das marcas arcaicas daquilo que o originou e que nele continuam incessantemente a pulsar, assim como de um futuro porvir. Nesta ótica, o passado e o presente (o presente é o futuro atualizado) estão numa relação dinâmica e sobreposta, diferente da concepção das grandes narrativas das teorias evolucionárias da modernidade, na qual a história humana possui uma direção global e na qual somos seres tendo um passado definitivo e um futuro previsível.

Uma bússola que oriente em uma direção, ainda que de forma precária, torna-se uma ilusão na contemporaneidade, especialmente, neste momento de suspensão que estamos atravessando. Diante disto, temos a dura tarefa de lidar como o desconhecido, com o estranho, uma vez que esse inimigo (vírus) se apresenta aqui e agora, mas seus efeitos também estarão no depois (saúde, perda salarial, desemprego, etc.).

A ideia ou a representação de um futuro imprevisível, da incerteza no campo das expectativas, é uma situação produtora de um mal estar profundo e este mal estar reverbera na coletividade, sendo vivenciado por cada um, claro, de forma particularizada. Embora algumas certezas possam ser doloridas e de difícil aceitação, podemos dizer que é a dúvida, o não sabido, que toca profundamente a nossa psique e, por vezes, traz efeitos avassaladores.

Pois é exatamente no registro da dúvida, da incerteza de um tempo porvir desconhecido e sombrio, decorrente da Pandemia do Coronavírus (COVID -19), que nos situamos, por ora.

É sobre essa situação sem paralelo, inédita, que Patrícia Palermo, Doutora em Economia Aplicada, Professora Universitária, nos fala neste vídeo, gentilmente feito para o blog do NPOT. Além de tecer uma análise fina do cenário econômico e social, a Profª. Patrícia nos interroga sobre o nosso desejo: Quem seremos nós depois que essa Pandemia acabar? Que lugar daremos ao outro depois da Pandemia? A economista também formula uma interessante questão naquilo que se refere a nossa futura relação com o consumo, a saber, um dos grandes pilares da sociedade capitalista.

Um dos propósitos do nosso blog é a construção de diálogos com outras disciplinas e, na atualidade, a Economia é fundamental e encontra-se na pauta de todos, sejam trabalhadores e ou dirigentes das Organizações e Instituições do mundo todo. A partir da fala da Profª. Patrícia, podemos nos questionar sobre o futuro do Trabalho e de tudo que está articulado a ele ou a falta dele, assim como sobre o papel da Psicologia no enfrentamento dos efeitos do que estamos atravessando e que ainda vamos atravessar nestes Tempos Diferentes.

Profª. Márcia A. Vitorello
Supervisora do NPOT

AGAMBEN, G. O que é o contemporâneo? Texto proferido em jan. 2008.

BAUMAN, Z. O Mal estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro : Editora Zahar, 1998.

BAUMAN, Z . Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro : Editora Zahar, 1999.

BAUMAN, Z . Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1991.

Tempos Diferentes: com a palavra, a economista e Profª. Dra. Patrícia Palermo para NPOT

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