Vivemos em nosso país algo nunca antes vivido. A Pandemia da Covid-19 trouxe consigo muitos medos e muito desespero também. Temos micro, pequenos e grandes empresários vendo seus negócios irem à falência e com isso muitas demissões. Trabalhadores autônomos vendo seus clientes e pacientes desaparecerem, nas mais diversas áreas.

A discussão economia X saúde não vem se sustentando. Não há saúde sem economia e economia sem saúde, ambos andam juntos e o equilíbrio é preciso. Na regra básica de matemática um necessita do outro para existir. Sem geração de renda não há saúde que se sustente a longo prazo (inclusive para o sistema público de saúde que é sustentado por impostos) e as medidas de biossegurança estão aí para salvaguardar o retorno gradativo às atividades econômicas.

Estamos perdendo, no mundo todo, lastimavelmente,  pessoas que contraíram Covid, mas muitas também estão sendo salvas, graças a contribuição incansável da ciência. Paralelo a isso estamos perdendo vidas para o suicídio. Pessoas assoladas pela depressão que se acirrou neste momento e um grande risco para os idosos, cujo isolamento social carregou consigo grande solidão.  Há também um crescente aumento da violência urbana (crises econômicas acirram a violência).

A pandemia e o discurso do “fique em casa” também escancarou mais ainda a desigualdade em nosso país. Parte (muito pequena) da população, com famílias pouco numerosas, que tem suas reservas econômicas, TV a cabo em casa e recursos básicos de conforto,  vem conseguindo se manter na crise. Já a grande parte da população está contando com os recursos de auxílios governamentais, o que gera grande angústia pois não se sabe se o recurso virá no próximo mês.

Esta crise trouxe também à tona a desigualdade de gênero, onde vemos predominantemente nos lares as mulheres, mães com filhos pequenos, tendo que enfrentar a situação das escolas fechadas, do ensino infantil ao fundamental. Precisando abrir mão de suas carreiras ou reduzindo drasticamente sua carga horária (algumas obrigadas a pedir demissão dos empregos), na sempre incansável balança de tentar equilibrar o trabalho-família.

A rede de apoio de muitas famílias se viu minguada com a “necessária” ausência dos avós (grupo de risco). Muitas mulheres tiveram que de uma hora para outra assumir mais uma carga, serem também mães em tempo integral e tutoras de ensino online dos filhos. Os homens, com suas raras exceções, e que não perderam seus empregos pela pandemia, continuam em sua jornada de trabalho de 44 horas semanais numa sociedade em que ainda paternidade e maternidade não tem o mesmo reconhecimento, a começar pela licença-maternidade e papéis historicamente constituídos no mundo do trabalho.

O fato é que não há para onde correr e a frase “Crie em meio à crise” nunca foi tão necessária. Há pessoas se reinventando e a cada semana surgem diversos produtores de máscara autônomos, produção de alimentos em casa e o “on line” virou a palavra do momento. Há também os que estão aproveitando este momento para investir na própria carreira, realizando cursos diversos, alguns disponibilizados gratuitamente na web.

Estar em isolamento não significa ficar parado e sim se reinventar. Nesse sentido, sempre reforço aos alunos  a importância de continuarem estudando. A velha máxima de que “conhecimento é a única coisa que não nos podem tirar” é muito verdadeira e será assim sempre. Quando as crises passam, quem está preparado, tem mais garantias de se colocar no mercado de trabalho, seja autônomo, contratado, concursado ou empresário em um mundo em constante evolução. Nesse sentido, investir na carreira é uma condição contínua.

Estamos vivendo neste momento no modo “sobrevivência” mas com a certeza de que isso tudo vai passar.