Pedagogo, Mestrando em Educação, Psicopedagogia, Pós-Graduado em Políticas Públicas e Educação, Especialista em Educação, Orientador Educacional, graduando em Psicologia pela FSFA.

Este texto apresenta reflexões acerca do mundo do trabalho a partir da prática de estágio curricular obrigatório, em Psicologia Organizacional, e as implicações provocadas pelo COVID-19 na saúde do trabalhador em educação de um município da região metropolitana de Porto Alegre. Para construção dessa discussão, foi realizada uma revisão da literatura sobre o exercício da docência e as demandas que os profissionais da educação passaram a apresentar partir da pandemia. Assim, é importante pensar que as dinâmicas interpessoais modificadas pela pandemia do COVID-19 afetam as relações docentes e discentes, afastando os educandos e educadores dos espaços escolares e de suas rotinas de trabalho. Nesse sentido, precisa-se ter ciência sobre a importância do psicólogo organizacional nessa nova conjuntura social. Quanto ao significado do trabalho, Dejours (1992, p. 40) nos diz que:

“A atividade do trabalho, pelos gestos que ela implica, pelos instrumentos que ela movimenta, pelo material tratado, pela atmosfera na qual ela opera, veicula um certo número de símbolos. A natureza e o encadeamento destes símbolos dependem, ao mesmo tempo, da vida interior do sujeito, isto é, do que ele põe, do que ele introduz de sentido simbólico no que o rodeia e no que ele faz.”

O trabalho ocupa um lugar relevante na vida do sujeito, visto que, segundo Zanelli, Bastos e Rodrigues (2004), não há algo que demarque “uma separação” das dimensões pessoal e profissional, pois o sujeito é um ser integral. Ao longo da história, o trabalho foi assumindo diversas dimensões e são inúmeras as significações e aspectos da atividade laboriosa que permeiam a vida dos indivíduos e das coletividades em todas as épocas e lugares. A função psicológica do trabalho e a integração entre significados e sentidos construídos na relação do sujeito com o mundo, pela mediação de sua atividade, justifica a relevância da Psicologia do Trabalho e Organizacional, bem como o papel exercido pelo psicólogo neste campo de atuação. Nessa perspectiva, cabe uma reflexão sobre o sentido do trabalho para essa classe de trabalhadores em educação, cuja relação com o trabalho perpassa a especialidade profissional devido às inúmeras competências necessárias para o exercício da docência na nova conjuntura brasileira e internacional provocada pela pandemia do COVID-19.

As demandas atuais de trabalho dos professores foram modificadas de forma abrupta e comprometeram a qualidade de vida desses profissionais. Devido às ocorrentes queixas de estresse e desgaste, frustrações e ansiedades oriundas dos educadores na escuta realizada na prática desse estágio em uma instituição sindical. Confrontados com os desafios da atual realidade pedagógica, os professores encontram-se em desamparo subjetivo frente ao caos gerado pela Pandemia (COVID-19), resultando em reações psicológicas, físicas e comportamentais desestabilizadoras. Percebeu-se a necessidade de um espaço de escuta, de diálogo e reflexão acerca dos desafios contemporâneos inerentes ao trabalho pedagógico em tempos de isolamento social.

Neste sentido, pondera-se sobre a necessidade da construção de políticas públicas para o enfrentamento de novas pandemias que possam surgir nos próximos anos e que estas políticas públicas possam atender e responder aos danos gerados pela COVID-19. Desta forma, não será mais possível que o professor continue a trabalhar e agir de maneira improvisada, uma vez que poderá haver um agravamento do adoecimento profissional dos docentes, como também a geração de danos nas crianças e adolescentes sem o acesso à educação.

Corroborando no sentido de salientar a importância do psicólogo nas organizações, destaca-se a formação, a prática profissional e a compreensão das dinâmicas de trabalho que se constroem nas relações histórico sociais, que se criam de forma objetiva e subjetiva dentro das organizações. Portando, o compromisso do psicólogo será, conforme Zanelli (2004), explorar, analisar e compreender como se processam as relações no espaço organizacional, promovendo a qualidade de vida e bem estar dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

DEJOURS, Christophe. A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez, 1992.

ZANELLI, J. I.; BASTOS, A. V. B.; RODRIGUES, A. C. de A. Campo Profissional do Psicólogo em Organizações e no Trabalho. In: ZANELLI, J. I. (org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.