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NPOT conversa com Jorge Broide: Grupos como dispositivo de intervenção na clínica do trabalho

Jorge Broide[1].
Michele Marques – Acadêmica do curso de Psicologia, estagiária do NPOT/2021

Em entrevista ao NPOT, o psicanalista Jorge Broide, professor de Psicologia na PUCSP e autor dos livros “Psicanálise nas situações sociais críticas – Violência juventude e periferia em uma abordagem grupal” (2008), coautor de “A Psicanálise em Situações Sociais Críticas – Metodologia Clínica e Intervenções” (2016) e autor de “População de Rua” (2018), nos fala sobre a relevância do trabalho com grupos no exercício da profissão, seja com escolas, universidades, organizações, clínicas, dentre outras instituições. Apesar da importância deste dispositivo de intervenção, ele nos aponta que essa temática é pouco contemplada no ensino da graduação em Psicologia.

Dentre as suas reflexões, Broide indica que a escuta psicanalítica é realizada na transferência, isto é, nas relações que se estabelecem entre os membros do grupo, sendo que o psicólogo (de orientação psicanalítica) sempre deve considerar os quatros conceitos fundamentais da Psicanálise, a saber, a transferência, o inconsciente, a repetição e a pulsão.

O entrevistado também nos fala sobre a “escuta territorial”, que pode ser realizada de forma individual ou em grupo, e que somente a partir dela é possível identificar os pontos de urgência que irão definir a tarefa, sendo a tarefa que lidera o grupo e lhe dá identidade grupal. O conceito de tarefa é complexo, pois surge da urgência, daquilo que é necessário ser trabalhado, do objetivo e da transferência. Em outros termos, é a tarefa que organiza o grupo. Com isto, são geradas defesas inconscientes, ocasionando conflitos e sintomas grupais. Por sua vez, os “pontos de ancoragem” consistem em uma forma de escuta clínica muito importante e estes pontos podem ser entendidos como o que pode manter esse trabalhador ligado à vida. Estas ancoragens são identificadas no grupo na medida que compreendemos o sentido do trabalho para o indivíduo, a sua relação com a família, as questões referentes ao salário entre outras.

Neste breve momento, foi possível pensar vários aspectos que circundam os movimentos grupais, inclusive o atual momento de ensino remoto, naquilo que concerne às relações entre alunos e professores, mediadas pela tecnologia.

Convidamos a todos a assistir a entrevista na íntegra!

[1] Psicólogo, psicanalista e analista institucional. Doutor em Psicologia Social pela PUC/SP, é professor do curso de psicologia da PUC/SP e professor convidado do programa de pós-graduação em Psicologia Social da USP. Trabalha desde 1976 com crianças e adultos em situação de rua, adolescentes em conflito com a lei e outras situações sociais críticas na educação, direitos humanos e saúde. Supervisor de inúmeras equipes na área social, é consultor de várias prefeituras e do Governo Federal em diferentes áreas das políticas públicas e na formação de equipes que trabalham na área social. É autor do livro “Psicanálise nas situações sociais críticas – Violência juventude e periferia em uma abordagem grupal” (Ed. Juruá), coautor de “A Psicanálise em Situações Sociais Críticas – Metodologia Clínica e Intervenções” (Ed. Escuta) e autor de “População de Rua” (Ed. Juruá).

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